24 dezembro, 2007

Então é Natal ...

Este texto é para você ler quando chegar o momento certo, Juju.


Hoje é 24 de dezembro, véspera de Natal. É o quarto final de ano desde que você chegou para chacoalhar as nossas vidas, virar de cabeça para baixo tudo que estivéssemos planejando, e também o que jamais imaginamos. Dá para ter uma ideia da confusão, não é ?

Mas o que eu, seu pai, gostaria de deixar registrado são outras coisas, outros sentimentos, nem maiores nem melhores do que tudo que já escrevi, apenas diferentes.

Quando sua irmã nasceu, eu era pouco mais que um garotão de vinte e poucos (muito poucos...) anos, com pouquíssima experiência de vida, e que tinha de lidar com os problemas da vida de um jovem casal na base da tentativa-erro. Até porque me faltava a referência familiar. É, seus avós , enquanto casal, nunca foram essa referência. Individualmente, é outra conversa, muito mais complicada e bem mais para a frente. Para complicar, nessa época, sua avó já apresentava avançados sinais da doença que logo iria levá-la. E aconteceram tantas coisas (boas e ruins) nesse período que, apesar de tentar (e eu tentei mesmo...) não pude dar à Vivi a atenção na medida correta.

Depois de alguns anos, quando estávamos morando em Brasília, mas à caminho de ir para outra cidade, pintou o seu irmão, o Brunão. No aumentativo mesmo, que ele nunca foi pequeno. No caso dele, os problemas foram um pouco diferentes, a maioria deles fugindo quase totalmente da nossa esfera de ação. Morar longe da terrinha e em condições abaixo das ideais foram só alguns detalhes. De novo, eu tentei fazer as coisas da maneira certa, e de certa forma até consegui algum progresso. Mas, reconheço, tudo poderia ter sido melhor. Mea culpa, ...

E aí se passaram quase catorze anos ... e VOCÊ chegou. Sabe, bastou olhar para aquela minúscula (isso mesmo, minúscula) figurinha, de olhos vivos e pertubadoramente sérios, que o primeiro pensamento foi: "Meu Deus, vai começar tudo de novo. " Mas dessa vez, vou fazer diferente. Afinal de contas, não basta ser pai, tem que ser pai...aço.

Quando você estiver lendo isso, provavelmente já terá plena certeza de que as coisas foram realmente diferentes, de uma forma ou de outra. Principalmente porque eu ESCOLHI ser seu pai, com tudo que isso acarretaria. Para sua mãe, foi a mesma escolha. Irreversível.

Pensando bem, quem garante que não foi VOCÊ quem nos escolheu? Na sua já brilhante capacidade de entender o que se passa ao seu redor, nós poderíamos ser a opção ideal para ajudá-la a se tornar gente. Laços sanguíneos não são fundamentais, de jeito nenhum. São apenas um detalhe.

Nem precisaria repetir, mas te amamos muito, demais, além da conta. Cada um de nós de seu jeito muito peculiar, mas sempre incondicional e eterno.

Feliz Natal, sempre, Maria Júlia.

Nenhum comentário: